A Gnose e A Mulher



A Gnose e A Mulher

Quando examinamos o efeito prático que a doutrina da ressurreição corporal teve no movimento cristão, constatamos que, paradoxalmente, ela serve também a uma função política essencial, legitimando a autoridade de certos homens que pretendem exercer liderança exclusiva sobre as igrejas, enquanto
sucessores do apóstolo Pedro.

E foi assim, acrescenta Marcos, que "a Verdade nua" lhe surgiu na forma de uma mulher, revelando-lhe os seus segredos. Marcos espera, por sua vez, que todos quantos ele iniciar na Gnosis vivam também experiências semelhantes. No ritual de iniciação,
depois de invocar o Espírito, ele ordena ao candidato que fale profeticamente, de forma a demonstrar que a pessoa recebeu contato direto com o divino.

(...) o Evangelho de Maria apresenta Maria Madalena (nunca reconhecida como apóstolo pelos degenerados) como aquela que era favorecida com visões e revelações ultrapassando largamente as de Pedro.
Esta tradição secreta revela que o que a maioria dos cristãos adora ingenuamente como criador, Deus e Pai é, na realidade, apenas a imagem do verdadeiro Deus.

Entre os grupos gnósticos, tais como os valentinianos, as mulheres eram consideradas iguais aos homens; algumas eram reverenciadas como profetas; outras funcionavam como professoras, evangelistas errantes, curandeiros, padres, talvez mesmo bispos.

Contrariamente às fontes ortodoxas, as quais interpretam a morte de Cristo como um sacrifício redimindo a Humanidade da culpa e do pecado, os evangelhos gnósticos consideram a crucificação como a ocasião para a descoberta do ser divino interior, dentro de cada um de nós.

Os gnósticos estão convictos de que a "igreja visível" - a rede efectiva de comunidades católicas - se transviara. A verdadeira igreja, por contraste, era "invisível": apenas os seus membros
"percepcionavam" quem lhe pertencia ou não. Através da sua idéia de uma igreja invisível, a intenção dos dissidentes era oporem-se às pretensões dos que diziam representar a igreja universal.
O movimento gnóstico partilhava certas afinidades com métodos contemporâneos de exploração do ser através de técnicas psicoterapêuticas. Tanto o gnosticismo como a psicoterapia superior valorizam acima de tudo o conhecimento - o autoconhecimento representado pela revelação intuitiva -, e ambos concordam que, na falta dele, a pessoa experimenta um estado de ser que é motivado por impulsos que não entende, os chamados Anelos do Ser...

O gnóstico era incapaz de aceitar em verdade o que os outros diziam, exceto enquanto medidas provisórias, até ele descobrir o seu próprio caminho, "pois", como diz o mestre gnóstico
Heráclito, "as pessoas são inicialmente levadas a acreditar no Salvator através de outros", mas quando amadurecem "não dependem mais de testemunhos meramente humanos", descobrindo sim a relação imediata que desfrutam com "a própria verdade interior".

Por V.M. Samael Aun Weor

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