GAIA: O planeta partido



Por que chamamos nosso planeta de Terra?
Em alemão, a palavra é Erde, originada de Erda no alemão clássico; na Islândia ela é Fördh e na Dinamarca Ford. Erthe no inglês medieval e Airtha em gótico; se nos deslocarmos geograficamente e recuarmos no tempo, encontraremos Ereds ou Aratha em aramaico, Erd ou Ertz em curdo e Eretz em hebraico. O que hoje chamamos mar Arábico, isto é, a extensão de água que leva ao golfo Pérsico, na Antiguidade era o mar de Eritréia e até hoje ordu significa em persa um acampamen­to ou povoado. Por quê?
A resposta é encontrada nos textos sumérios que relatam a chegada do primeiro grupo dos Anunnaki/Nefilim à Terra. Vieram cinqüenta liderados por E.A ("cuja casa é água"), um grande cientista, filho pri­mogênito de ANU, o soberano de Nibiru. Eles atravessaram o mar Ará­bico e alcançaram os limites dos pântanos que mais tarde, com o aque­cimento posterior do clima, se tornariam o golfo Pérsico. Es­tabeleceram na parte superior dos pântanos o primeiro acampamento do novo planeta e o chamaram E.RI.DU ("casa na distância"), um no­me bem apropriado.



Assim, com o passar do tempo, todo o planeta em que os Anunna­ki/Nefilim se estabeleceram passou a ter o nome desse primeiro acam­pamento - Erde, Erthe, Earth. Até hoje, quando falamos de nosso planeta, invocamos em várias línguas a memória do primeiro povoado na Terra; sem saber, lembramo-nos de Eridu e homenageamos o primeiro grupo dos Anunnaki que aqui se fixou.




O primeiro nome sumério com significado científico de globo terres­tre e sua superfície de terra firme foi KI. Pictograficamente, era repre­sentado por uma esfera ligeiramente achatada, cruzada por linhas verticais semelhantes aos meridianos atuais. Como a Terra realmente é mais volumosa na região do equador, a representação suméria é cientificamente mais correta que o sistema moderno comum de mostrá-la como um globo perfeito.
Depois de estabelecer os primeiros cinco acampamentos dos Anun­naki, Ea recebeu o título-epíteto de EN.KI ("senhor da Terra"). Mas o termo KI, como raiz ou verbo, foi dado ao nosso planeta por alguma razão. Seu sentido era "partir, separar, soltar". Seus derivados ilustram melhor o conceito: KI.LA significava "escavação"; KI.MAH, "tumba"; KI.IN.DAR, "fenda, fissura". Nos textos astronômicos sumérios o ter­mo KI recebia um prefixo determinativo MUL ("corpo celeste"). As­sim, quando falavam de mul.KI, davam-lhe o sentido de "corpo celes­te que foi partido".
Chamando a Terra de KI, os sumérios recordavam sua cosmogonia - a narrativa da Batalha Celeste e do rompimento de Tiamat.
Mesmo desconhecendo sua origem, continuamos a dar esse epíteto descritivo ao nosso planeta até hoje. Estranhamente, com o passar do tempo (a civilização suméria tinha 2 mil anos quando surgiu a babilônica), a pronúncia de ki mudou para gi, ou em alguns casos para ge, e assim transferiu-se para o acadiano e seus diversos ramos lingüísticos 'babilônico, assírio, hebreu), conservando sempre a conotação geográ­fica ou topográfica de uma fenda, um desfiladeiro, um vale profundo. Sendo assim, a palavra que, nas traduções gregas, aparece na Bíblia como Gehenna tem sua raiz no termo hebraico Gai-Hinnom, o desfila­deiro abrupto e estreito, parecendo uma rachadura, próximo a Jerusa­lém, depois chamado de Hinnom, onde a justiça divina fará os pecado­res mergulharem no fogo subterrâneo no dia do Juízo Final.
Aprendemos na escola que o componente "geo" de todos os termos aplicados às ciências terrestres - geo-grafia, geo-metria, geo-logia etc. - vem do grego Gaia (ou Gaea), nome que davam à deusa da Terra. Mas não aprendemos onde os gregos encontraram essa palavra ou qual seu significado verdadeiro. A resposta encontra-se no KI ou GI sumério.
Os estudiosos concordam que os gregos adquiriram as noções sobre os acontecimentos primordiais e os deuses do Oriente Próximo, através da Ásia Menor (os primeiros povoados gregos, como Tróia, surgiram na região próxima) e da ilha de Creta, ao leste do Mediterrâneo. Pela tradição grega, Zeus, o deus supremo do Olimpo, chegou ao território grego vindo de Creta, de onde fugiu depois de raptar Europa, a boa filha do rei fenício de Tiro. Afrodite veio do Oriente Próximo por Chipre. Posêidon (que os romanos chamavam Netuno) chegou a cavalo da Ásia Menor e Atenas trouxe à Grécia a oliva das terras bíblicas. Não há dúvida de que o alfabeto grego foi baseado em algum do Oriente Próximo. Cyrus H. Gordon (Forgotten Scripts: Evidence for the Minoan Language e outras obras) decifrou a enigmática escrita cretense, conhecida como "linear B", mostrando que representava uma linguagem semítica do Oriente Próximo. Com os deuses e a terminologia vindos dessa região chegaram também os mitos e as lendas.
As primeiras obras gregas sobre a Antiguidade e as relações dos deu­ses com os homens foram a Ilíada, de Homero, e as Odes, de Píndaro. Mas acima de todas está a Teogonia ("Genealogia Divina"), de Hesíodo, que também escreveu Os Trabalhos e os Dias. No século 8 a.C. He­síodo iniciou a narrativa divina dos acontecimentos que levaram à su­premacia de Zeus - uma história de paixões, rivalidades e conflitos estudada em The Wars of Gods and Men, o terceiro livro de minha série "Crônicas da Terra" - e a criação dos deuses celestes, do céu e da Terra saídos do Caos, de uma forma semelhante ao Princípio bíblico:

Em verdade, primeiro surgiu o Caos
e a seguir Gaia dos seios fartos,
a que criou todos os imortais
que sustentam os picos do nevado Olimpo:
O sombrio Tártaro, com seus caminhos espraiados nas
profundezas e Eros, o mais fumoso entre os divinos imortais...
Do Caos surgiu Érebo e a negra Nyx;
e de Nyx nasceram Éter e Hemera.

Nesse ponto do processo de criação dos "divinos imortais" - os deu­ses celestes - o "céu" ainda não existe, como narravam as fontes me­sopotâmicas. Sendo assim, a "Gaia" desses versos é a equivalente a Tiamat, "a que deu vida a todos", de acordo com o Enuma elish. Ho­mero apresenta a lista dos deuses celestes que apareceram depois de Caos e Gaia como três pares (Tártaro e Eros, Érebo e Nys, Éter e Hemera); o paralelo com as três duplas da cosmogonia suméria é óbvio, com os nomes atuais de Vênus e Marte, Saturno e Júpiter, Urano e Netuno (mesmo que não tenham notado essa semelhança).
Só depois da criação dos planetas principais do sistema solar, quando Nibiru apareceu para invadi-lo, a narrativa de Hesíodo fala de Urano, o "céu" - como os textos bíblico e mesopotâmico. O livro do Gênesis esclareceu que esse Shama'im era o "Bracelete Partido", o Cinturão de Asteróides. Como relatou o Emana elish, essa era a metade de Tiamat que foi fragmentada enquanto a outra, intacta, transformou-se na Terra. Há um eco de tudo isso nos seguintes versos da Teogonia de Hesíodo:

E Gaia, então, deu vida ao luminoso Urano,
- igual a ela –
­para envolvê-la por todos os lados,
para ser um local eterno de morada dos deuses.

Igualmente partida, Gaia deixou de ser Tiamat. Sua metade fragmen­tada transformou-se no Firmamento, eterna morada dos asteróides e cometas, enquanto a outra, desviada para sua nova órbita, tomou-se Gaia, a Terra. E assim este planeta, primeiro como Tiamat e depois como a Terra, ainda conserva a origem de seu nome: Gaia, Gi, Ki - a dividida.
E como ficou o Planeta Partido depois da Batalha Celeste, quando já orbitava como Gaia/Terra? De um lado, continuaram as terras firmes que formavam a crosta de Tiamat; do outro, havia uma rachadura gigantesca e profunda que deve ter sido inundada pelas águas de Tiamat. Como relata Homero (referindo-se à metade equivalente ao céu) de um lado Gaia "criou morros suaves e extensos, o gracioso habitat das deu­sas ninfas"; e do outro "ela deu vida a Pontus, a profundeza infecunda com suas vagas furiosas".
Trata-se do mesmo quadro do Planeta Partido que é apresentado no livro do Gênesis:

E Elohim disse:
"Que as águas que estão sob o céu
se reúnam numa só massa
e que apareça o continente".
E assim se fez.
Elohim chamou ao continente "Terra”
e à massa das águas "mares".
A Terra, como a nova Gaia, estava em formação.

Três mil anos separavam Homero do tempo em que floresceu a civi­lização suméria; fica evidente, através desses milênios, a aceitação da cosmogonia suméria pelos povos antigos, entre os quais os autores e compiladores do livro do Gênesis. O que hoje é considerado um "mi­to", uma "lenda" ou "crenças religiosas", na Antiguidade era ciência - o conhecimento dado pelos Anunnaki, como afirmavam os sumérios.
Segundo esse antigo conhecimento, a Terra não foi um membro ori­ginal do sistema solar. Era a metade de um planeta fragmentado, Tia­mat, "a que deu vida a todos". A Batalha Celeste ocorreu muitas centenas de milhões de anos após a criação do sistema solar e de seus pri­meiros planetas. Como parte de Tiamat, a terra reteve grande parte da água que a caracterizava como "monstro aquoso". Quando passou a adquirir a forma de um globo pela ação das forças de gravidade, as águas fluíram para a imensa cavidade do lado partido e a terra seca apareceu do outro lado do planeta.
Isto, em suma, é o que os povos antigos acreditavam. E o que a "ciên­cia moderna tem a dizer?
As teorias sobre a formação planetária consideram que esses corpos começaram como bolas congeladas dos discos gasosos que se despren­deram do Sol. Enquanto esfriavam, a matéria mais pesada - o ferro, no caso terrestre - condensou-se no centro, formando um núcleo sóli­do. A sua volta, formou-se uma camada mais plástica e fluida que, no caso da Terra, supõe-se ter sido ferro derretido. O movimento desses núcleos produziram o campo magnético do planeta. Circundando esse núcleo sólido e fluido, formou-se um manto de rochas e minerais; no caso da Terra, calcula-se que tenha uma espessura de 2.800 quilôme­tros. A fluidez e o calor gerados pelos núcleos (perto de 7 mil graus no centro terrestre) afetam o manto que os envolve e dão à crosta res­friada o aspecto apresentado pelo nosso mundo.
Os processos que produzem em bilhões de anos uma esfera - a força uniforme da gravidade e a rotação do planeta sobre seu eixo - também moldam uma superfície regular. O núcleo central sólido, o envoltório fluido e flexível, o espesso manto de silicatos e a capa externa de rochas deviam se distribuir de maneira uniforme como as cascas de uma ce­bola. No caso da Terra, isto é verdadeiro até certo ponto; as anormalidades principais são encontradas na camada superior, em sua crosta.


Desde os anos 60 e 70, quando foram feitas as pesquisas mais com­pletas sobre a Lua e Marte, os geofísicos ficaram intrigados com a insu­ficiência de crosta terrestre. As crostas da Lua e de Marte contêm 10 por cento de suas massas, mas a da Terra corresponde a 1 por cento da massa planetária. Em 1988, os geofísicos do Caltech e da Universi­dade de Illinois, em Urbana, liderados por Don Anderson, anuncia­ram durante a reunião da Sociedade Geológica Americana, realizada em Denver, no Colorado, a descoberta da "crosta perdida". Ao analisar as ondas de choque dos terremotos, eles concluíram que o material per­tencente à crosta afundara, encontrando-se a cerca de 400 quilômetros abaixo da superfície terrestre. Segundo os cálculos dos cientistas, o ma­terial ali depositado é suficiente para decuplicar sua espessura. Mesmo assim, a Terra ficaria com uma camada de crosta correspondente a 4 por cento de sua massa - metade apenas do que parece a norma (a julgar por Marte e pela Lua). Metade da crosta terrestre ainda está per­dida, mesmo sendo corretas as descobertas realizadas por esse grupo de cientistas. Sua teoria também deixa sem resposta a questão da causa desse aprofundamento: como o material da crosta, mais leve que o man­to, foi forçado a afundar - segundo o relatório - centenas de quilô­metros no interior da Terra? A equipe de cientistas sugeriu que esse material afundado consiste de "grandes placas de crosta" que "mer­gulharam no interior da Terra" onde existem fissuras. Mas que força rachou a crosta em "grandes fissuras"?
Outra anormalidade encontrada na crosta terrestre é sua variedade. Nas áreas que chamamos “continentes", a espessura varia de 20 a qua­se 70 quilômetros, mas nas áreas ocupadas pelos oceanos, a crosta apre­senta somente 700 metros; as águas mantêm uma profundidade média de 3.800 metros. Combinando esses dois fatores, veremos que a crosta continental é bem mais espessa e penetra muito mais no manto, en­quanto que a dos oceanos é bem mais fina e composta de material soli­dificado e sedimentos.
Além dessas, existem outras diferenças entre a crosta continental e a oceânica. No primeiro caso, entram em sua composição, em grande parte, rochas que lembram o granito e são relativamente mais leves do que a composição do manto: a média de densidade continental é de 2,7 a 2,8 gramas por centímetro cúbico, enquanto a densidade do manto é de 3,3 gramas por centímetro cúbico. A crosta oceânica também é mais densa que a continental, numa média de 3,0 a 3,1 gramas por centímetro cúbico, portanto mais semelhante ao manto. Sua composi­ção é de basalto e de outras rochas mais densas do que as que formam a crosta continental. É importante salientar que a "crosta perdida", men­cionada pela equipe científica de Don Anderson, que se encontra mer­gulhada no manto, tem composição similar à crosta oceânica e não a continental.
Existe ainda outra diferença entre os dois tipos de crosta da Terra. A parte continental, além de ser mais leve e espessa, é bem mais antiga que a oceânica.
No final dos anos 70, era consenso entre os cientistas a idéia de que a maior parte das superfícies dos continentes formara-se há 2,8 bilhões de anos. Existem evidências em todos os continentes de uma crosta dessa época, tão espessa quanto a atual; os geólogos dão a essas áreas o nome de Capas Arcaicas. Depois, descobriu-se que essas rochas têm 3,8 bi­lhões de anos. Em 1983, no entanto, os geólogos da Universidade Na­cional da Austrália descobriram do lado ocidental de seu país restos de rochas de uma crosta continental cuja idade foi estabelecida em 4,1 a 4,2 bilhões de anos. Em 1989, testes efetuados com métodos mais so­fisticados nas amostras de rochas, coletadas pouco anos antes no norte do Canadá (pela equipe de pesquisadores da Universidade de Washing­ton, em St. Louis, e do Levantamento Geológico do Canadá), determi­naram que a idade das rochas é de 3,9 bilhões de anos; Samuel Bowering, da Universidade de Washington, informou que as rochas próxi­mas dessa área chegavam a ter 4,1 bilhões de anos.
Os cientistas ainda encontram uma certa dificuldade em explicar o período de 500 milhões de anos entre a idade da Terra (cujos fragmen­tos de meteoros, como os encontrados na Meteor Crater do Arizona, têm 4,6 bilhões de anos) e a dessas rochas mais antigas encontradas até agora, mas um fato é indiscutível - não importa qual seja a expli­cação que os cientistas possam dar -, a Terra tem sua crosta continen­tal há pelo menos 4 bilhões de anos. Por outro lado, não foi encontrada nenhuma parte da crosta oceânica com mais de 200 milhões de anos... Essa diferença é tão gigantesca que continua inexplicável, apesar de todas as suposições sobre possíveis elevações e submersões de continen­tes, formações e desaparecimentos de mares. A crosta terrestre já foi comparada à casca de uma maçã. Nas áreas em que ficam os oceanos ela é bem mais nova e muito fina; onde os oceanos se encontram desde tempos primordiais, essa "casca" e boa parte da própria "maçã" pare­cem ter sido arrancadas.
As diferenças entre a crosta continental e a oceânica provavelmente eram bem maiores em eras anteriores. As massas dos continentes sofreram constante erosão das forças da natureza e uma boa parte dessa matéria sólida erodida foi carregada para as bacias oceânicas, aumentando a espessura dessa crosta. Além disso, ela é constantemente refor­çada pela eclosão de material rochoso derretido, basalto e silicato, que rompe a crosta subindo do manto pelas falhas existentes no leito mari­nho. Esse processo, que forma novas camadas de crosta no fundo dos oceanos, vem se repetindo há 200 milhões de anos, originando sua for­ma atual. O que havia antes no fundo dos mares? Será que não existia nenhuma crosta, sendo apenas uma "ferida" aberta na superfície ter­restre? E essa formação constante da crosta oceânica não se parece com o processo de cicatrização, onde a pele foi ferida e arrancada?
É Gaia - um planeta vivo - tentando cicatrizar suas feridas?
O local mais evidente desse "ferimento" é o oceano Pacífico. Enquanto a média de queda do nível da crosta oceânica é de cerca de 4 quilôme­tros, no Pacífico a profundidade atual alcança, em certas áreas, 11 qui­lômetros. Se pudéssemos remover do fundo do oceano a crosta acumu­lada nos últimos 200 milhões de anos, chegaríamos a profundidades de quase 20 quilômetros abaixo da superfície da água e entre 30 a 100 quilômetros abaixo da superfície continental. É um buraco e tanto...
Qual a profundidade da crosta refeita nos últimos 200 milhões de anos? E qual seria a amplitude do "ferimento" há 500 milhões, 1 bilhão, 4 bilhões de anos? Ninguém pode calcular, mas sem dúvida era bem mais profundo.
O que se pode afirmar com certeza é que a extensão da área mais profunda era maior, ocupando uma superfície bem mais ampla do pla­neta. O oceano Pacífico ocupa atualmente cerca de um terço da superfície terrestre, mas, até onde pudemos determinar sobre os últimos 200 milhões de anos, sua área tem encolhido. A prova desse encolhimento é que os continentes que a limitam - as Américas a leste, a Ásia e a Austrália a oeste - estão se aproximando, vagarosa e constantemente, avançando no Pacífico, reduzindo seu tamanho em vários centímetros por ano.
A ciência e as formas de explicar esse processo são conhecidas como teoria da tectônica das placas. Como no estudo do sistema solar, sua origem é o abandono da velha noção de uma condição estável e perma­nente dos planetas, reconhecendo, em vez disso, seu aspecto catastrófi­co, de mudança e evolução, não só no caso da flora e da fauna, mas dos próprios globos que se desenvolveram como entidades "vivas" que podem crescer e encolher, prosperar ou sofrer, nascer e morrer.
A nova ciência da tectônica das placas, já difundida e reconhecida, foi iniciada por Alfred Wegener, meteorologista e geofísico alemão, em seu livro Origem dos Continentes e Oceanos, publicado em 1915. Como aconteceu a outros antes dele, seu ponto inicial foi o evidente "encai­xe" dos contornos dos continentes do Atlântico Sul. Mas antes de We­gener expor suas idéias, postulava-se o desaparecimento devido à imer­são de continentes ou braços de terra; acredita-se que os continentes permaneciam onde tinham estado desde épocas imemoriais, mas uma parte central afundara abaixo do nível do mar. Aliando os dados dispo­níveis sobre a flora e a fauna com as camadas geológicas "correspon­dentes entre os dois lados do Atlântico, Wegener estabeleceu a hipótese da Pangaea - um supercontinente, uma única e enorme massa de ter­ra em que se ajustavam todos os continentes da atualidade, como peças de um quebra-cabeça. Pangaea, como Wegener sugeriu, cobria cerca da metade do globo terrestre e era cercada por um oceano Pacífico pri­mordial. Flutuando sobre a massa líquida como o gelo, o grande conti­nente sofreu uma série de resfriamentos até seu rompimento final na era Mesozóica, o período geológico que durou cerca de 160 milhões de anos, estendendo-se de 225 a 65 milhões de anos atrás. Gradual­mente, as várias partes começaram a distanciar-se. A Antártida, Aus­trália, Índia e África começam a se separar. A África e a Amé­rica do Sul se rompem, enquanto que a América do Norte se afasta da Europa e a Índia é empurrada na direção da Ásia; assim os continentes continuaram se afastando até se acomodarem nos moldes que conhecemos hoje.
A divisão de Pangaea em vários continentes separados foi acompa­nhada da redistribuição das águas. Com o tempo, o único Pan-oceano (se podemos dar-lhe esse nome) também se separou em vários oceanos interligados ou mares fechados, como o Mediterrâneo, o Negro e o Cás­pio, ou de maiores volumes como o Atlântico e o Índico. Mas todos eles eram parte do Pan-oceano original, cujo remanescente é o Pacífico.
Essa visão de Wegener dos continentes como pedaços de gelo parti­do, flutuando sobre uma superfície inconstante, foi recebida com des­dém geral e chegou a ser ridicularizada por geólogos e paleontólogos da época. Foi necessário meio século para que essa idéia do "afasta­mento continental" fosse aceita pelos meios científicos. O que colabo­rou para a mudança de atitude foram os levantamentos do solo oceâni­co iniciados nos anos 60, que revelaram aspectos como a cadeia de mon­tanhas do meio do Atlântico, supostamente formada pela elevação de rocha derretida (magma) do interior da Terra. No caso de Atlântico, irrompendo através de uma rachadura do solo oceânico que tomava qua­se toda sua extensão, o magma esfriou e formou a cordilheira de rocha basáltica. Depois, uma erupção seguiu-se a outra, os lados das monta­nhas foram se afastando e dando espaço a novas camadas de magma. O que permitiu um grande avanço no estudo do solo oceânico foi o auxílio do Seasat, um satélite oceanográfico lançado em junho de 1978 e que orbitou a Terra durante três meses; os dados enviados pelo Seasat foram usados no mapeamento do leito oceânico, dando-nos uma noção inteiramente nova a respeito de suas cadeias de montanhas, picos, vul­cões, fendas e rachaduras das zonas fraturadas. Com a descoberta de que cada erupção de magma conserva a direção magnética da ocasião em que ocorreu, foi determinada uma série de linhas magnéticas quase paralelas, resultando numa escala de tempo e um mapa direcional da expansão contínua do solo oceânico. Essa expansão no Atlântico foi fa­tor importante no Atlântico no afastamento da África e da América do Sul, e na criação do oceano (que continua se expandindo).
Também se acredita que outras forças, como o esforço gravitacional da Lua, a rotação da Terra e até os movimentos do manto oculto este­jam atuando na separação da crosta continental, afastando os continentes. Naturalmente, essas forças também exercem influência na região do Pacífico. Este oceano revelou-se com mais cordilheiras marinhas, fis­suras e outros acidentes do que o Atlântico. Então, por que as massas de terra que limitam o Pacífico não estão se afastando (como provam as evidências), como acontece no Atlântico, mas, ao contrário, vão se aproximando vagarosamente, numa redução constante do tamanho desse oceano?
Podemos encontrar a explicação em uma teoria associada à deriva con­tinental. Trata-se da teoria da tectônica das placas. Ela estabelece que os continentes e os oceanos ficam apoiados sobre gigantescas "placas" que se movimentam no manto da crosta terrestre. Quando os continen­tes se afastam e o oceano se expande (como o Atlântico) ou se (contrai como o Pacífico), a causa é devida ao movimento dessas placas em que descansam. Atualmente os cientistas reconhecem seis placas principais (algumas delas são subdivididas): do Pacífico, Americana, Eurasiana, Africana, Indo-australiana e Antártida. A expansão do leito do oceano Atlântico continua distanciando, centímetro por centímetro, as Américas da Europa e da Ásia. Já é também reconhecido o encolhi­mento concomitante do Pacífico, acomodado pela penetração da placa do Pacífico por baixo da Americana. Essa é a principal causa dos terre­motos ao longo de toda a costa do Pacífico, onde também se elevam as principais cadeias de montanhas, como os Andes. A colisão da placa Indiana com a Eurasiana criou o Himalaia e fundou o continente in­diano na Ásia. Em 1985, os cientistas da Universidade de Cornell des­cobriram a "sutura geológica" onde a parte ocidental da placa Africa­na continuou ligada à placa Americana quando as duas romperam há cerca de 50 milhões de anos, "doando" a Flórida e o sul da Geórgia à América do Norte.
Com algumas modificações, quase todos os cientistas aceitam a hipó­tese de Wegener de um só continente totalmente cercado pelo oceano. Apesar da idade geológica recente (200 milhões de anos) do atual solo marinho, os estudiosos reconhecem que existia um oceano primordial na Terra. Seus traços não são encontrados nas profundezas dos mares e sim nos continentes. As regiões das capas arcaicas onde as rochas mais novas têm 2,8 bilhões de anos contêm faixas rochosas de dois tipos: uma de diorito e outra de granito gnáissico. Stephen Moorbath ("As Rochas Mais Antigas e o Desenvolvimento dos Continentes", publica­do no Scientific American, março de 1977) declarou em seu artigo que os geólogos "acreditam que as faixas de rochas de diorito foram deposi­tadas em um ambiente marinho primordial e representam, de fato, an­tigos oceanos; e que os terrenos de granito gnáissico também podem ser os restos desses velhos mares". Muitos registros de rochas em prati­camente todos os continentes indicam que estiveram vizinhas das águas oceânicas durante mais de 3 bilhões de anos; em certos locais como Zim­bábue, no sul da África central, as rochas sedimentares demonstram que foram formadas há cerca de 3,5 bilhões de anos. Os avanços recen­tes no campo do cálculo de tempo recuaram a idade das capas arcaicas - as que incluem rochas depositadas nos oceanos primordiais - para 3,8 bilhões de anos (Scientific American, setembro de 1983; número especial dedicado à "Terra Dinâmica").
Há quanto tempo prossegue essa deriva continental? Existiu uma Pangaea?
Stephen Moorbath, em seu estudo já mencionado, chegou à conclu­são de que o processo de rompimento dos continentes iniciou-se há cerca de 600 milhões de anos: "Antes disso, podia existir apenas um continente imenso conhecido como Pangaea ou, possivelmente, dois: A Lau­rasia ao norte e a Gondualândia ao sul". Outros cientistas, simulando situações no computador, sugerem que há 550 milhões de anos as massas de terra que eventualmente formaram Pangaea ou suas duas grandes partes ligadas não estavam menos separadas do que são atualmente; acham que os processos que movimentam as placas tectônicas, sejam quais forem, vêm ocorrendo pelo menos nos últimos 4 bilhões de anos. Mas descobrir se a massa de terra primeiro formava um grande continente ou partes separadas, se havia vários volumes de água distribuídos entre essas áreas ou um grande oceano, nas palavras de Moar­bath, é como a discussão dos ovos e da galinha: "O que surgiu antes, os continentes ou os oceanos?”
A ciência moderna confirma as noções científicas expostas nos textos antigos, mas não avança o suficiente para resolver a seqüência massa continental-oceano. Se cada descoberta científica moderna parece comprovar este ou aquele aspecto do conhecimento antigo, por que não acei­tar também a antiga resposta neste caso: que as águas cobriam a face da Terra e - no terceiro dia, ou terceira fase - foram "reunidas" de um lado para revelar a terra seca? Essa terra descoberta era feita de con­tinentes isolados ou um supercontinente, uma Pangaea? Apesar de os textos antigos não darem importância a uma confirmação, vale notar que as noções dos gregos sobre a Terra, mesmo acreditando que ela era um disco em vez de um globo, eram de que havia uma grande massa de terra solidamente plantada e cercada pelas águas. Essa idéia prova­velmente foi transmitida por uma fonte anterior mais bem informada, como no caso de quase todas as ciências gregas. Encontramos no Velho Testamento várias referências repetidas sobre as "bases" da Terra, além do conhecimento vindo de tempos anteriores sobre a forma do planeta, como nos seguintes versos louvando o Criador:

Do Senhor é a Terra e o que nela existe,
o mundo e seus habitantes;
Ele próprio fundou-a sobre os mares
e firmou-a sobre os rios.
(Salmo 24:1,2)

Além do termo Eretz, que significa tanto o planeta Terra como "ter­ra, terreno", a narrativa do Gênesis emprega o termo Yabashah - lite­ralmente, "a massa de terra que secou" - quando declara que as águas –“foram reunidas em uma só massa" para que Yabashah aparecesse. Mas em todo o Velho Testamento também é citado outro termo, Tebel, fre­qüentemente usado para definir a parte habitável, arável e útil à huma­nidade (sendo inclusive uma fonte de metais). A palavra Tebel - que pode ser traduzida tanto como "a terra" quanto "o mundo" - é qua­se sempre empregada para indicar a parte terrestre que é diferente dos mares; as "bases" dessa Tebel se justapunham às bacias oceânicas. Isso é melhor explicado na Canção de David (Samuel 22:16 e Salmo 18:16):

O Senhor trovejou do céu,
O Altíssimo fez ouvir seus sons.
Ele atirou suas flechas e as dispersou,
expulsou-os lançando seus raios e os desconcertou.
Os canais do leito do mar apareceram,
as bases de Tebel se descobriram.

Com o que hoje sabemos sobre as "bases da Terra", a palavra Tebel transmite claramente o conceito de continentes cujas bases - as placas tectônicas - ficam no meio das águas. Que emoção descobrir que as últimas teorias geofísicas ecoam palavras de um salmo de 3 mil anos!
A narrativa do Gênesis fala claramente que as águas foram "reuni­das" de um lado da Terra para que o terreno seco emergisse, o que implica na existência de uma grande depressão para escoarem. Tal depressão, um pouco maior que a metade da Terra, ainda está ali, apesar de mais encolhida e reduzida: o oceano Pacífico.
Por que, entre as provas encontradas, a mais importante não tem mais de 4 bilhões de anos em vez dos 4,6 bilhões que é a idade presumível da Terra e do sistema solar?


A primeira Conferência Sobre as Origens da Vida em Princeton, Nova Jersey, organizada pela NASA e pelo Instituto Smithsoniano em 1967, estudou esse problema a fundo. A única hipótese aventada pelos parti­cipantes mais capacitados na matéria foi a de um grande "cataclismo" ocorrido na época das rochas mais antigas encontradas. Ao discutirem a origem da atmosfera terrestre, todos chegaram a um consenso: ela não resulta de uma "contínua produção de gases" criados pela atividade vulcânica, mas, segundo declarou Raymond Siever, da Universidade de Harvard, é conseqüência de "uma forte emissão de gases em época bem remota... uma enorme erupção de gases que agora caracterizam a atmosfera e os sedimentos terrestres". Essa "enorme erupção" tam­bém foi calculada na mesma época da catástrofe registrada pelas rochas.
Isso evidencia que em cada ramo específico - a ruptura da crosta terrestre, o processo da tectônica das placas, as diferenças entre a crosta continental e oceânica, a emergência de uma Pangaea surgindo das águas e o oceano primordial que a circundava -, as descobertas da ciência moderna têm confirmado o conhecimento antigo. Essas descobertas tam­bém levaram os cientistas das várias especialidades a concluir que a única explicação para a formação das massas continentais, dos oceanos e da atmosfera terrestre é a possibilidade de que tenha ocorrido um cataclis­mo há cerca de 4 bilhões de anos - perto de meio bilhão de anos de­pois da formação inicial da Terra como parte do sistema solar.
Qual foi esse cataclismo? A humanidade possui a resposta suméria há 6 mil anos; é a Batalha Celeste entre Nibiru/Marduk e Tiamat.

Nessa cosmogonia suméria, os membros do sistema solar foram des­critos como deuses celestes, masculinos e femininos, sendo sua criação comparada ao nascimento e sua existência descrita como se fossem cria­turas vivas. No texto do Enuma elish, Tiamat é descrita de forma femi­nina, como a mãe que deu vida a uma hoste de onze satélites, sua "hor­da" liderada por Kingu, o "que ela elevou". Quando Nibiru/Marduk e sua horda se aproximaram, "Tiamat, em fúria, emitiu um grande rugido, as raízes de suas pernas balançavam... contra seu atacante ela lançou feitiços repetidamente". Quando o "Senhor fez uma rede para envolver Tiamat" e "o Vento Vil, o da retaguarda, ele desatrelou à frente dela; Tiamat abriu a boca para o devorar", mas outros "ventos" de Nibiru/Marduk "atacaram sua barriga e seu corpo distendeu-se". Na verdade, "vá e corte a vida de Tiamat" foi a ordem que o Invasor rece­beu dos outros planetas. Ele obedeceu e "cortou suas entranhas, ras­gou até seu ventre. Tendo-a assim submetido, ele extinguiu seu hálito de vida".
Durante muito tempo essa visão dos planetas (especialmente de Tia­mat), como entidades vivas que podiam nascer e morrer, foi considera­da excessivamente pagã. Mas, em décadas recentes, a exploração de nos­so sistema planetário revelou, de fato, mundos referidos freqüentemen­te como "vivos". A idéia de que a própria Terra é um organismo vivo foi apresentada como a "Hipótese de Gaia" por James E. Lovelock nos anos 70 (Gaia - A New Look at Life on Earth - Gaia, Uma nova Vi­são da Vida na Terra). Mais recentemente, Lovelock reforçou essa hi­pótese em The Ages of Gaia: A Biography of Our Living Planet (As Ida­des de Gaia: Uma Biografia de Nossa Planeta Vivo). Essa hipótese en­globa em um mesmo organismo a Terra e a vida que nela evoluiu; nos­so planeta não é apenas um globo inanimado onde existe vida, mas um corpo coerente e complexo, vivo em sua massa e superfície, seus ocea­nos e sua atmosfera, sustentando a fauna e a flora que por sua vez o sustentam. Lovelock escreveu: "O maior ser vivo na Terra é ela mes­ma". Ele mesmo admitiu que revia assim, o antigo "conceito da Mãe­-Terra, ou como os gregos a chamavam há tanto tempo, Gaia".
Mas na realidade ele recuara aos tempos sumérios, ao seu antigo co­:mecimento do planeta que foi partido.



Zecharia Sitchin

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